11 de mai. de 2010

Aquilo que transforma um dia normal em chocante...

Ontem foi pra mim um dia rotineiro, ou pelo menos parecia ser. Eu acordei, tomei café da manha com o Stefan, tomei meu banho e fui pra Universidade. Tive aula de 10 às 14 horas, voltei pra casa e fiz um spaghetti pra almocar. Troquei de roupa, me maquiei e fui pro trabalho.

O dia no trabalho foi super tranquilo. Pra quem nao sabe, eu trabalho no centro de Frankfurt, numa loja conhecida em muitos lugares, a Esprit. Eu e minhas colegas de trabalho estávamos felizes da vida, porque estávamos saindo do trabalho às 20:30h e estava ainda tao, mas tao claro, que parecia dia.

A claridade da noite é definitivamente uma das melhores coisas da primavera e do verao na Europa. Voce chega tarde em casa e está claro, o que te dá mais energia e a sensacao de que ainda pode aproveitar muito o dia.

Mas algo tornou meu dia ontem terrivelmente estranho. Estavam lá eu e as minha amigas saindo do trabalho e discutindo sobre as maravilhas que a primavera proporciona e dois passos depois de sair da loja, nos deparamos com um cadáver atirado na rua.

A imagem foi feia. A imagem foi inesquecível. A área já estava toda fechada pros policias fazerem a análise do caso. O cadáver tava coberto com um tecido branco, mas alguns detalhes fizeram a gente tentar entender o que estava acontecendo. Uma sandália de salto alto, cabelos grisalhos e muita pena espalhada pelo chao. Era uma mulher, uma senhora. As penas nos fizeram pensar que a senhora estava com um casaco de penas e que ela deve ter sido esfaqueada.

A Alemanha é um país onde cada um vive sua vida. Eram poucos os que observavam a cena terrível e ninguém comentava sobre nada. Ninguém sabia de nada. Nós que estávamos na loja alí do lado, nao tínhamos ouvido gritaria nenhuma.

E ontem, cheguei do trabalho chocada. Nos rádios e jornais online nenhuma notícia. Hoje também nao. Aqui o acesso à informacao nao é como no Brasil. Aqui informacao só é informacao se ela for apurada e correta. Nao existem "talvez" ou "acredita-se que". Aqui ou é ou nao é!

E no palco da história foi impossível nao fazer uma comparacao de como se desenvolveria uma história dessas no Brasil. Provavelmente em tres minutos, nós que estávamos por alí já teríamos ouvido tres versoes que explicavam a história. E logo depois as tres versoes, se nao mais, estariam também no jornal, na TV e no rádio. Um jornalismo muito diferente, resultado de uma cultura muito diferente. E eu nao vou usar adjetivos pra isso. Cultura é cultura.

O choque que tive nao foi simplesmente de ter visto um cadáver na rua. O choque foi de ter quebrado uma barreira que há 3 anos estava fixa. A de um local onde a violencia obviamente existe, mas está pouco perceptível na rotina dos habitantes.

E foi assim que eu, depois de tres anos em solo alemao, ví minha primeira vítima de violencia morando na cidade que segundo as estatísticas, é a mais perigosa da Alemanha.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, mana, realmente chocante se deparar com uma situação dessa depois de três anos vivendo por aí! Infelizmente violência existe em todos os lugares, não é? Mas mesmo assim, nem se compara com o que acontece aqui no Brasil, lembra o que você sempre falou sobre a segurança que você tem por aí?

Angela E. M. Knaesel disse...

Fiquei chocada tbm Karla, e a cena deve ter sido realmente horrível. Infelizmente isso nos remete ao nosso país... e por lá tudo acontece em proporções avassaladoras.
Semana passada roubaram um carro em frente ao meu apartamento, eu estava com as janelas abertas, fiquei assustadíssima, poderia ter visto o assaltante se estivesse na cozinha. Isso deixa-nos um bocado inseguros...
Bjos e desejos de uma semana com surpresas melhores.

Cin disse...

É... As vezes acho que a gente tem aqui uma sensacao de "falsa seguranca" que nao é exatamente assim. Lógico que se a gente comprar com o Brasil, a Alemanha é ainda um país super seguro. Mas é esse o problema, a comparacao. O Brasil esta longe de ser uma referencia para comparacoes, porque a violencia lá é extrema. Bem, o que eu quero dizer é que mesmo aqui, temos que tomar cuidado. As coisas nao sao como antigamente...

Sinto muito por voce ter visto isso. Eu nunca vi nada parecido e espero nao precisar ver nunca. Deve ter sido chocante. Agora é tomar cuidado, principalmente morando na cidade mais perigosa da Alemanha.

Bjs

Cin

Katia Bonfadini disse...

Caramba, Karla! Deve ter sido realmente uma cena chocante! A gente realmente se sente mais segura fora do Brasil, principalmente quando se mora no Rio, como eu. Nunca vi cena assim aqui, apesar de os jornais estarepetos de notócias apavorantes todos os dias... ver esse "mundo cruel" assim de pertinho deve ser muito assustador.

Mudando de assunto: adorei a ideia do Consórcio entre amigas!!!! Legal que vai ter um aí também!!!!! Estou pensando em reunir um grupo mais chegado e propôr a ideia. Acho que é mais prático e ninguém fica sobrecarregado!!!! Também estou numa fase com muito trabalho mas sem saber por onde começar direito!!!!! Um beijão e um lindo final de semana de Primavera!!!!

Anônimo disse...

Sabe, a gente sabe que aí violência existe, mas nunca vê ou lê.
O seu comentário sonre a 'notícia ser apurada', explica nossa ilusão.

Veja bem, aqui no Brasil eu sempre morei na grande São Paulo e eu NUNCA vi um assalto, ou briga, ou morte por amrma de fogo ou branca mesmo, mas leio taaaannnta coisa, vejo tanta notícia... Aqui é aquela velha história, nossos jornais espremidos escorrem sangue.

As estatísticas, proporcionalmente, podem até serem as mesmas, a diferença é a divulgação.